Rio - A Prefeitura do Rio embargou a obra da Associação Carioca de Windsurf (ACW) que construía um espaço subterrâneo para guardar pranchas de windsurf na areia da Praia do Pepê, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O Ministério Público Federal (MPF) entrou na Justiça no último dia 3 pela paralisação da construção e um processo corre na 30ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Segundo a ação, a licença da obra não permite o aterramento da praia. O MPF destaca que só foi autorizada a construção de depósito de equipamentos – a chamada guarderia – no subsolo do calçadão, sem nenhuma interferência na faixa de areia.
Obra para guarderia de pranchas de windsurf foi construída em faixa de areia irregularmente, segundo MPFReprodução/ O DIA
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Foi por esse motivo, que a prefeitura embargou a obra. O projeto havia sido aprovado para a construção na área do calçadão e não na faixa de areia. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra a construção avançada, inclusive com plantação de grama sobre o solo.
"Aí, galera, quase pronto. Olha como está bonito. Começamos a plantar vegetação nativa no fundo e o gramado já está quase todo plantado. Falta só a rampa", diz o homem que grava o vídeo. Em outro trecho ele pede ajuda para carregamento de material: "Amanhã a gente vai começar a demolir lá", diz.
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A professora do Departamento de Geografia da UFRJ, Flavia Moraes Lins de Barros, avaliou que a construção já causou dano ambiental. "É um local, que além de ser um bem da União, que não pode ser alugado ou privatizado, é muito importante ambientalmente. Antes da obra, havia vários registros de ninhos de coruja-buraqueira na duna", ressalta.
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Obra para guarderia de pranchas de windsurf foi construída em faixa de areia irregularmente, segundo MPFReprodução/ O DIA
Além do dano ecológico, a obra vai de encontro às preocupações de aumento do nível do mar. "Globalmente, uma das soluções para minimizar o aumento do nível do mar é manter uma faixa de não ocupação. Chama a atenção a gente estar ocupando uma área que avança na praia. Uma obra dessa já tirou a barreira que era mais próxima do natural e já aumentou a vulnerabilidade dessa região", critica. É a segunda vez que o MPF aciona a prefeitura para paralisar uma obra irregular na praia da Barra. Após uma notificação do órgão, a gestão municipal desistiu de instalar mantas de concreto na faixa de areia entre os postos 8 e 3 daquela orla. A intervenção que visava minimizar os efeitos das ressacas não encontra respaldo na comunidade científica e provocou a indignação de especialistas de diversas universidades do estado do Rio. Para a professora da UFRJ, nota-se na cidade do Rio uma ausência de instrumento de gestão de praia. "Estamos vivenciando um momento em que estão se agravando problemas de ressaca, de subida do mar. A cidade do Rio não está se adequando. A praia é um lugar muito valorizado. Quanto mais perto do mar mais vale uma construção ou um serviço, só que tem que haver um limite", conclui.
A reportagem aguarda posicionamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e tenta contato com a Associação Carioca de Windsurf (ACW). O espaço está aberto para manifestação.
fonte O DIA
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