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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai analisar nesta quarta-feira se autoriza a aplicação da vacina contra a Covid-19 CoronaVac a crianças de 3 a 5 anos de idade. Estudos analisados por técnicos do órgão identificaram que o imunizante é seguro e eficaz no combate à doença para essa faixa etária.
O GLOBO teve acesso ao resultado de um desses trabalhos, batizado de Projeto Curumim, desenvolvido pelo centro de pesquisa clínica do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), da Ufes, em parceria com o Instituto René Rachou (Fiocruz Minas). O material revela que a CoronaVac gerou de três a quatro vezes mais anticorpos neutralizantes no grupo de 3 a 5 anos em relação aos adultos. Na comparação com o público de 6 a 17 anos, o número de células de defesa dobrou.
De acordo com a pesquisa, todos os participantes que não contraíram a Covid-19 antes de receber a vacina produziram anticorpos, ou seja, houve 100% de soroconversão. O total de células de defesa mais do que quadruplicou em relação aos que já haviam se infectado.
Coordenadora do Projeto Curumim, a pesquisadora Valéria Valim explica que a resposta imunológica do imunizante — com aval da Anvisa para pessoas a partir de 6 anos — é maior conforme cai a idade dos vacinados:
— A CoronaVac é uma vacina de vírus inativado, portanto, de tecnologia conhecida e bastante segura. A maior resposta em crianças pode significar que o estímulo seja suficiente para induzir uma resposta imunológica maior e suficiente para dar proteção — explica a professora de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que participa do estudo.
A aplicação da CoronaVac em crianças gerou menos efeitos colaterais em relação à vacina da Pfizer, por exemplo, segundo o estudo. Não houve eventos adversos graves, hospitalizações e mortes registradas na pesquisa em todas as faixas etárias.
Ao longo do trabalho, crianças e jovens têm sido acompanhados por infectologistas, pediatras, cientistas e enfermeiros no período de um ano. O objetivo é avaliar a imunidade deles em cinco coletas de sangue: antes da primeira dose, 28 dias após e, depois, com intervalos de três, seis e 12 meses.
Além dos resultados do Projeto Curumim, outros trabalhos como o realizado pelo Ministério da Saúde do Chile, também serão levados em consideração para subsidiar a decisão da Anvisa. O pedido está em análise desde 11 de março. O Instituto Butantan, que fabrica o imunizante no Brasil, solicitou o registro definitivo da vacina à agência no último sábado.
Como O GLOBO mostrou, a vacinação infantil contra a Covid-19 — atualmente com taxas de cobertura estagnadas — é um dos gargalos deste ano para a superação da pandemia. A possível liberação da Anvisa para ampliar o público da CoronaVac para crianças a partir de 3 anos pode ajudar a reverter o cenário. Diferentemente da Pfizer, que tem doses pediátricas para aprovadas no Brasil para o grupo de 5 a 11 anos, as doses da vacina fabricada pelo Butantan são iguais para todas as faixas etárias.
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